
O bem-estar mental dos mais velhos não pode ser negligenciado, principalmente agora, em meio à pandemia pelo coronavírus (Covid-19).
O isolamento social é fundamental para diminuir a propagação do coronavírus e também para resguardar a população idosa, considerada um grupo de maior risco. Mas tanto tempo em isolamento social tem aumentado significativamente os relatos de ansiedade e depressão em pessoas de todas as idades, incluindo os idosos.
Enquanto esperamos por uma vacina capaz de nos imunizar contra o vírus Sars-CoV-2, o distanciamento social tornou-se a nossa maior proteção, mas não isento de efeitos colaterais que precisam ser considerados.
O isolamento que estamos vivendo desperta sentimentos como solidão, estresse, ansiedade, tristeza e depressão. De acordo com o Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC), tais condições são esperadas durante um surto de doença infecciosa, como temos vivido com a Covid-19.
No caso dos idosos, além de serem um dos grandes grupos de risco, a quarentena influencia em sentimentos de preocupação ainda maiores, medo por si e pelos familiares, sono e apetite alterados, e queda de imunidade, favorecendo inclusive o agravamento de problemas crônicos de saúde como diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares, além de problemas de ordem psicológica, como a depressão.
A depressão em idosos é um problema comum, mas com o agravante de ser um pouco mais difícil de identificar. Ao contrário de muitos jovens que apresentam a depressão com sintomas bem específicos e mais intensos, na terceira idade a manifestação da doença ocorre de forma diferente.
Diferentemente do jovem ou adulto, o idoso não vai se queixar de tristeza ou falta de prazer em fazer as coisas. Os idosos deprimidos e até ansiosos costumam reclamar de dor física e problemas de memória, além de dificuldades de comer e dormir.
O que fazer para lidar com essa situação?
Se informar sobre o Covid-19 através de jornais e TV é correto, mas é preciso também mudar um pouco o foco no problema da pandemia e encontrar um refúgio para a mente e para o coração.
Fazer uma boa leitura, ver um bom filme, criar uma nova receita culinária, cuidar do jardim e dos animais domésticos, trocar mensagens pelo celular e conversar com familiares pelo telefone podem ser algumas formas de aliviar a tensão e o medo.
Procurar se conectar com a espiritualidade também é uma boa maneira de passar por momentos difíceis como esses que estamos vivendo. Momentos de conexão com a sua fé fazem muito bem e são uma boa maneira de manter nossa saúde emocional.
Mas se a depressão já estiver evoluído, o mais indicado é realmente buscar ajuda médica. Para os idosos, precisamos passar uma mensagem em particular: aceite ajuda! E se você tem idosos na família, cuide bem deles para que se sintam menos temerosos e tenham o apoio necessário em casos de depressão e ansiedade!
Confira as orientações que a psicóloga aqui na Agerip, Patrícia Alves da Silva, nos dá, para que os idosos tenham menos chances de desenvolver a depressão durante este período de isolamento social decorrente da pandemia por Covid-19:
• Entender que esta situação teve começo, tem meio e fim, ela não ficará para sempre em nossas vidas;
• Aproveitar o tempo para refletir no que quer se tornar quando tudo isso passar;
• Lembrar que os filhos e netos são capazes de se protegerem e se tornarem mais resilientes neste período;
• Que todas as crises também nos ensinam a criar e incentivam a criatividade, o mundo já passou por outras crises e se refez;
• Não estamos sozinhos, sempre há alguém com quem contar, uma palavra, um gesto de carinho e um sorriso.
Porém, se surgirem sintomas mais preocupantes, será preciso medidas mais efetivas. A depressão deve ser avaliada por um médico, de preferência um psiquiatra e psicólogo, é necessário avaliar em que estágio a depressão se encontra, podendo variar entre leve, moderada ou grave.
Na depressão leve, geralmente os sintomas são tristeza persistente, queda de energia, desinteresse por algumas atividades, problemas de memória e dores físicas crônicas também podem se agravar.
Na moderada, sente-se além dos sintomas citados acima, irritabilidade, angústia, baixa estima, pessimismo;
Já na depressão grave, sentimentos de impotência, falta de concentração, insônia, isolamento, distúrbios alimentares e pensamentos de morte são mais presentes.
Os fatores de risco são histórico familiar, transtornos mentais correlatos, estresse, ansiedade, disfunções hormonais, ambientes hostis, traumas físicos ou psicológicos.
A necessidade de uma avaliação psicológica e médica é muito importante, para o tratamento. Os familiares e amigos precisam ser presentes no apoio e ajudar neste processo.